segunda-feira, 27 de agosto de 2012

méliés e o ilusionismo que falta ao mundo

Está em cartaz no MIS de São Paulo a exposição do gênio do ilusionismo que deu asas aos sonhos no Cinema da primeira década do século passado.



Georges Méliés é hoje considerado um dos pais dos efeitos especiais no cinema de película.
Através de inúmeras técnicas que misturavam conceitos de ilusionismo, fotografia e iluminação de set (ele era chamado de Cinemagician), impressionava as platéias em 1902 quando foi exibido Le Voyage dans la Lune (A viagem à Lua), um filme estranho, surrealista e fantástico, à la Jules Verne.

Para aproximar um pouco mais do nosso passado próximo, vale lembrar o videoclip do Smashing Pumpkins, Tonight Tonight, que é amplamente inspirado nas obras de Méliés e repleto de referências ao estilo da cine-mágica.



No filme A Invenção de Hugo Cabret, do Scorcese, além de emocionar-se com uma ode ao cinema e sua linguagem de sonhos, o espectador entende um pouco mais do que foi a primeira experiência do público com o cinema, e o quanto Méliés transformou a imagem em algo dimensional, experimental e surrealista, usando técnicas que hoje soam ingênuas e que beiram o circense.

Foi de fato em um Circo onde os irmãos Lumière exibiram a primeira imagem em película, que era a de um trem chegando a estação, em 1895. A invenção da câmera de filmagem parecia sem futuro naqueles dias, e eles não quiseram vendê-la quando Méliés, impressionado com as possibilidades que se abriam para o mundo da mágica, quis comprar o equipamento deles.

Vendo a exposição você pode entender o que aconteceu a Méliés e sua trajetória até um momento decadente onde suas técnicas já não entretiam mais o público, que queria algo além de sua linguagem naïf.

E, pensando nestes tempos de desespero em voltar ao que já perdemos, em voltar a ter emoções de verdade, em tempos de ser blasé, de ser hipster e achar que tudo "já perdeu a graça", eu chorei muito, chorei aos baldes, vendo o filme do Hugo e a história deste homem que foi execrado por ser apaixonado pela magia.

E eu pensei que muito antes da minha geração, muito antes da geração dos meus avós, as pessoas sempre fizeram cara feia pro que já foi, pro que já passou, pro que já se perdeu.
Nostalgia sempre existiu e sempre vai existir, mas há algo que é muito valioso e que as pessoas perdem a cada dia: a permissão de se emocionar.

É nesse momento saudoso e naïf que eu peço ao mundo que volte a ser ilusionista.


2 comentários:

  1. Que lindo Clara! Eu conheci um pouco de Méliés justamente por causa do vídeo do Smashing Pumpkins, gosto demais da estética. Deu vontade de ir a Sampa :)
    Bom te ver de volta aqui, bjo da cunhada e fã Sheila

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  2. Amiga, dizem que o filme "o artista" também faz referência ao George Méliés! =)

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